O Projeto LeishNão

Este é um projeto de extensão desenvolvido por professores e acadêmicos dos cursos de Veterinária, Enfermagem, Ciências Biológicas, Medicina e outros cursos de saúde da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Nosso foco é a educação em saúde para a prevenção e controle da leishmaniose visceral humana e canina mato Grosso do Sul.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

[LV] Conhecendo um pouco mais sobre a leishmaniose e a Leishmania

Este texto foi elaborado por Fernanda Battistotti Barbosa, acadêmica de Medicina Veterinária da UFMS e participante do LeishNão, sob orientação da Prof. Juliana Arena Galhardo.

Conhecendo um pouco mais sobre a Leishmaniose


A Leishmania é um protozoário que parasita seres vertebrados e que causa uma doença zoonótica de distribuição mundial, a Leishmaniose. Existem duas formas da doença, a visceral (ou calazar) e a tegumentar (ou cutânea), causada por diferentes espécies de Leishmania. A forma visceral acomete órgãos como fígado, baço e medula óssea, podendo apresentar lesões de pele superficiais que tendem a desaparecer. Já a forma tegumentar causa ulcerações ou nódulos na pele que não cicatrizam, por isso também é chamada de "ferida brava".

O principal vetor da Leishmaniose é a fêmea do flebotomíneo, mais conhecido como Mosquito Palha ou Birigui. O Mosquito Palha é muito pequeno e vive em lugares úmidos e com matéria orgânica, pois é o que precisa para se desenvolver. Por ser hematófago, necessita de sangue para se alimentar e ao picar algum animal (roedores, cães, raposa, e outros animais) ou algum ser humano infectado com o parasita, inicia-se o ciclo biológico.
O Mosquito Palha ou Birigui (flebotomínio) tem menos de 0,5 cm de tamanho!
O ciclo começa quando o Mosquito Palha, ao picar o indivíduo infectado, acaba ingerindo células de defesa que estão no sangue, principalmente macrófagos com o parasita ou leishmanias livres na circulação sanguínea do hospedeiro definitivo (cães, roedores, raposa, humanos, etc.). A forma do parasita encontrada no sangue é denominada “amastigota” (forma intracelular e aflagelada) que é a forma infectante para o vetor.
O ciclo de vida do Mosquito Palha (flebotomínio)
A forma amastigota é então ingerida pelo hospedeiro intermediário, o Mosquito Palha, e ao chegar no intestino do mosquito se transforma na forma “promastigota” (forma extracelular e flagelada), que é a forma infectante para os hospedeiros definitivos.

Leishmania na forma promastigota, com flagelos
e presente na saliva do Mosquito Palha infectado
O vetor, ao fazer novamente o repasto sanguíneo, inocula as promastigotas no hospedeiro definitivo. Essas formas são fagocitadas pelos macrófagos e, quando isso ocorre se transformam em amastigotas, que sofrem divisões binárias até que o macrófago fique cheio de parasitas, até o rompimento desta célula de defesa. Ao haver o rompimento do macrófago, as formas amastigotas ficam livres na circulação (ou são fagocitadas por outros macrófagos). O ciclo recomeça quando o vetor faz o repasto sanguíneo e se contamina com as formas amastigotas do parasita circulantes ou presentes em macrófagos. 
Células de defesa (macrófagos) parasitados com as formas amastigotas
de Leishmania (setas vermelhas) e amastigostas livres (seta verde)
Alguns animais como cães, raposas, roedores e etc., podem atuar como reservatório, que são seres no quais a Leishmania vive e se multiplica normalmente, continuando viável para perpetuar o ciclo, como ilustrado na figura abaixo:
A Leishmaniose Visceral é uma doença mediada pelo parasitismo e pela resposta imunológica do hospedeiro, podendo ser assintomática mesmo em pleno desenvolvimento dos sintomas clássicos. O período de incubação médio varia de 2 a 4 meses.

Em humanos, os sintomas da forma visceral da doença são: febre, fadiga, perda de apetite e de peso, palidez e hepatoesplenomegalia (aumento do tamanho do baço e fígado). Crianças, idosos e pessoas com outras doenças têm maior chance de morrer devido à Leishmaniose Visceral. Já em animais, como os cães, a doença se caracteriza por esplenomegalia (aumento do tamanho do baço), perda de pelo, perda de peso e apetite, apatia, diarreia, vômito, onicogrifose (aumento do tamanho das unhas), dentre outros. 
Criança com Leishmaniose Visceral com aumento do
tamanho do fígado e do baço (hepatoesplenomegalia)
Cão com lesões em volta dos olhos e
criança com Leishmaniose Visceral em estado grave
Cão com Leishmaniose Visceral em estado grave
Cão com Leishmaniose Visceral em estado grave
Para prevenir a doença é necessário manter as casas e quintais limpos, livres de matéria orgânica e umidade. O acúmulo de restos de alimento, frutas, folhas secas, fezes de animais e outros materiais em decomposição favorecem o desenvolvimento do mosquito, portanto a limpeza dos ambientes como calçadas, jardins, terrenos ou quintais é fundamental.

Além desses cuidados, é aconselhado para aqueles que possuam cães, que os leve frequentemente ao Médico Veterinário, a fim de deixar a saúde do animal de estimação sempre em dia. O uso de coleira repelente e de inseticidas a base de deltametrina é recomendado, desde que a aplicação seja realizada com os devidos cuidados e uso de equipamentos de proteção individual e que haja a troca da coleira conforme indicado pelo fabricante. recomenda-se também o uso de repelentes em spray, principalmente nos horários de final de tarde, quando o Mosquito Palha sai para se alimentar.

4 comentários:

  1. Muito bacana Fer e Ju!! Eita ciclo complicadinho, não?! Mais um motivo para ampla divulgação!! ;)

    ResponderExcluir
  2. Obrigada Larissa, pelo apoio, participação e tudo o mais! Toda e qualquer sugestão é bem vinda!

    ResponderExcluir
  3. Olá Juliana, bom dia. Sou Lucas Moino (AKA Itapira). Espero que tudo bem com você. Tentei contato via text, mas não consegui. Seguinte, quando estou no Brasil, participo de um projeto como professor voluntário de Inglês em comunidades menos favorecidas de SP. Uma das voluntárias que trabalha comigo, está envolvida em um projeto relacionado ao combate à LV... não pelo lado técnico, acho que ela trabalha no depto de marketing de uma multi francesa. Na semana passada ela me escreveu pedindo que eu, como vet, ajudasse a esclarecer aspectos técnicos de saúde pública... tive que explicar a ela que sou vet de formação, mas não de profissão! Enfim, long story short, lembrei que havia me formado com uma das autoridades neste assunto e busquei o teu contato. Espero que possa ajudar minha colega de voluntariado! Vamos nos falando. Obrigado! --LM

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Lucas / Itapira / Tapira! Bom ter boas notícias suas!!!!
      Autoridade? Eu? Nada disso. Mas no que eu puder ajudar, pode contar sim, estou sempre à disposição. Passe meu e-mail pra ela: jugalhardo@gmail.com ou o whatsapp - que já é de "domínio público": (67) 8174-8118
      Muito obrigada!!!! Bjo pra você!

      Excluir

Veja também: